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Simone Schwarz-Bart: Hino de amor à terra

Norma Telles

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Simone Schwarz-Bart

Simone Schwarz-Bart nasceu em 1938, descendente de escravos das Antilhas. Cresceu na ilha de Guadalupe e em 1958 foi completar seus estudos em Paris, onde se casou com André Schwarz-Bart, escritor de renome, com quem já partilhou um livro. A Ilha da Chuva e do Vento, romance de 1972, sua primeira produção individual, recebeu um prêmio e obteve enorme sucesso na França.

A chuva e o vento do título sugerem a brisa e as tempestades que desabam sobre os ombros da heroína, Télumée Milagre, uma negra de Guadalupe. Na primeira parte do livro ela conta sua vida, narrando as batalhas de três gerações de mulheres a partir da bisavó Minerve, uma ex-escrava. Jovem, Télumée trabalha para os brancos e depois junta-se ao negro Elie, paixão da infância. É feliz e infeliz até a loucura. Depois da morte da avó, por quem foi criada, muda-se, trabalha nos canaviais e junta-se a Amboise, negro que, por ser combativo, é aniquilado. Enfim, ela se toma uma negra que não se deixa embaraçar pela vida, como sua avó, com quem aprendera a navegar através, conservando-se enraizada à terra e amando viver. Já anciã, Télumée contempla, tranqüila, de seu jardim, as modificações que seu século introduziu.

Surpreendente e belo, o romance é escrito numa linguagem ritmada e poética. Marcante a cada frase, as imagens coloridas impregnadas de aromas de ervas desenham uma paisagem do Caribe que os turistas nunca viram. Uma paisagem onde, não obstante a desesperança imposta pela pobreza e pelo racismo, os homens e as mulheres se apaixonam, defendem-se das forças da destruição e recriam o mundo a seu modo e segundo sua tradição.

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